Tradição em disputa: a cachaça artesanal no cenário mineiro
DOI:
https://doi.org/10.36920/esa-v29n3-10Palavras-chave:
Invenção da Tradição, cachaça, alambiqueResumo
As tradições inventadas são práticas que atribuem valores pela repetição, de forma a estabelecer significados que vinculam a um histórico. Ao mesmo tempo em que representam o início de um período, essas tradições são descoladas do processo do qual emergiram, estabelecendo a continuidade com um passado, cujos significados são mutáveis. Nesse sentido, o artigo teve por objetivo analisar os conflitos e exclusões na reinvenção da dita tradicional cachaça artesanal de alambique. Por meio de uma pesquisa qualitativa, recorreu-se às práticas e narrativas utilizadas ao longo de quatro décadas (1982-2020) em Minas Gerais. Os achados evidenciaram uma rede de atores que se colocaram como os guardiões da tradição, ao se basearem no conhecimento técnico-científico. A mescla de antigos e novos elementos cumpriu um papel de situar a cachaça como uma nova bebida (distinta da antiga pinga), mas “tradicional”. Ainda que esse discurso tenha silenciado diversos desencaixes históricos, a narrativa operou dualismos que manteve a vinculação identitária de um grupo específico (empresários), ao mesmo tempo em que constituiu de status e autoridade no papel da delimitação daqueles (a maioria dos pequenos produtores rurais) que foram os excluídos do seu processo de invenção.
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Copyright (c) 2021 Daniel Calbino, Mozar José de Brito, Valeria da Gloria Brito

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