Lógica familiar e lógica coletiva nos assentamentos de reforma agrária: o caso do município de Unaí, MG
Abstract
A política pública de reforma agrária no Brasil continua dando prioridade a formas de organização coletiva do assentamento, dos serviços e até da produção agrícola. Essa lógica coletiva está promovida e institucionalizada tanto pelo Estado quanto pelos movimentos próreforma agrária. Paradoxalmente, o assentamento se traduz pela concessão de lotes individuais a um público composto em sua maioria de ex-assalariados, no marco de uma política de promoção de empreendimentos econômicos de natureza familiar. Este trabalho examina as raízes e conseqüências da interação entre essas lógicas a partir do exemplo de assentamentos do município de Unaí. Permanece a tensão entre o interesse individual do “recémproprietário”, as lógicas familiares e as práticas coletivas dependentes das modalidades de política pública. A obrigação de solidariedade familiar ou comunitária é alimentada pela precariedade do processo de assentamento e pelo caráter unificador da ideologia ou dos valores humanos. Os resultados em Unaí mostram três ensinamentos: a) os pressupostos e instrumentos das políticas públicas de reforma agrária revelam-se pouco adaptados, quando não contraditórios e geradores de conflitos; b) apesar dessas condições negativas e de um ambiente institucional pouco favorável, métodos e instrumentos de construção social da parceria permitem uma complementaridade entre as lógicas individuais, familiares e coletivas; c) um esforço de educação in loco é indispensável para fortalecer e subsidiar a dignidade e a identidade dos assentados, mas revela-se eficiente a médio ou longo prazo.Downloads
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
a) Authors maintain the copyright and grant the journal the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License which allows the sharing of the work with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
b) Authors are authorized to take additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg publish in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
c) Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase the impact and citation of published work (See The Effect of Free Access).