A pátria entre paródia, utopia e melancolia
Resumo
O presente artigo traça o percurso de Lima Barreto como escritor marginal à sociedade elitista e decadente da Primeira República. O escritor oscilava entre o desejo de ser reconhecido pelas instituições literárias, tendo concorrido sem sucesso duas vezes à Academia Brasileira de Letras, mas paradoxal criticava e parodiava estas mesmas instituições consideradas retrógradas. A leitura aqui apresentada de Policarpo Quaresma, relacionando autor e personagem, contextualiza e detecta os procedimentos estéticos utilizados para exprimir o político em sua obra. Através do personagem nacionalista que formula planos de reforma cultural, econômica e política para o país, o autor mostra como o romance, entre sátira e paródia, desmascara diversos mitos nacionalistas, dentre eles a crença na fertilidade do solo brasileiro, o que leva o protagonista a engendrar uma malograda reforma regional e nacional da agricultura. Policarpo, buscando uma pureza cultural, vai assumindo um patriotismo cada vez mais fanático, e Lima Barreto deixa entrever, assim, sua posição pessimista e crítica em relação às concepções iluministas da História, esboçando por outro lado um patriotismo social e um reconhecimento da importância da mestiçagem cultural.
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