Os vazanteiros, a agricultura de vazante e as barragens da destruição no Médio Rio Tocantins: perspectivas etnoecológicas

The vazanteiros, the agricultura de vazante and dams of destruction in the mid-Tocantins River: ethnoecological perspectives

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36920/esa-v26n1-4

Resumo

As sociedades humanas distinguem-se no modo de viver e lidar com a natureza, enquanto a sociedade ocidental busca a todo custo exaurir os recursos naturais, os vazanteiros-pescadores do médio Tocantins lidam com a natureza sustentados no respeito recíproco. O propósito neste texto é pontuar e analisar as particularidades associadas a um sistema de cultivo milenar, exercido e denominado de agricultura de vazante ou “Vazantes”. Os dados foram coletados entre 2007 e 2017 no âmbito do mestrado e no desenvolvimento da tese de doutoramento concluída no início de 2018, por meio da observação participante e entrevistas semiestruturadas e não-estruturadas. Os resultados mostram que os vazanteiros-pescadores exercem o cultivo nas vazantes sob particularidades próprias que incluem medidas específicas entre covas, número de sementes, tabus, trocas e reciprocidades inerentes no cultivo agrícola e relações sociais que conformam seus modos de vida local. Além de sustentável, nesse modo de cultivo, a terra parece os compreender e eles também parecem entender a terra e suas limitações, a ponto de plantar somente os cultivares que melhor se adaptam a cada solo. A realidade local mostra que os vazanteiros, seus costumes e tradições têm sido endereçados em uma agenda que parece promover, a qualquer custo, seu desaparecimento nos próximos anos. Isto se deve ao aumento incondicional das barragens e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) nos rios nacionais, sobretudo nas últimas décadas. Torna-se cada vez mais claro para nós, que esse fenômeno conhecido por agricultura de vazante possa estar com os dias contados no Brasil.

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Biografia do Autor

  • Vonínio Brito de Castro, Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Brasil

    Doutor em Antropologia pela Univesidade Federal do Pará (UFPA) e professor do Instituto Federal do Tocantins (IFTO). E-mail: voninio@ifto.edu.br.

  • Flávio Bezerra Barros, Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil

    Professor dos Programas de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA) e Antropologia (PPGA) da UFPA, e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. E-mail: flaviobb@ufpa.br.

  • Rosa Elizabeth Acevedo Marín, Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil

    Doutora em História e Civilização pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (França), pós-doutorado na Université de Québec à Montreal (Canadá) e no Institut des Hautes Études de l'Amérique Latine – IHEAL (França) e professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU) do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA.. E-mail: rosaacevedomarin@gmail.com.

  • Nirvia Ravena, Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil

    Doutora em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), professora do PPGDSTU da UFPA e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. E-mail: niravena@gmail.com.

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Publicado

01-02-2018

Edição

Seção

Seção Temática "Agronegócio, Infraestrutura Logística e Dinâmicas Fundiárias na Amazônia"