Desigualdade, agronegócio, agricultura familiar no Brasil
Inequality, agribusiness, family farming in Brazil
Resumo
Este artigo tem por objetivo refletir sobre os mecanismos de dominação simbólica presentes no discurso das elites agroindustriais quando referidos à estrutura social no campo e à representação sobre quem são os agricultores familiares e quais suas aptidões, potencialidades e (im)possibilidades históricas. Procura mostrar que a retórica das elites agroindustriais aciona as carências à agricultura familiar para impor uma seletividade discursiva que impõe uma hierarquização sobre quem é apto ou não a integrar-se produtivamente pelo estabelecimento de um alinhamento de práticas pela interferência na construção de uma identidade própria, suscitando a dificuldade de construção de um espírito crítico e de percepção das diferenças existentes. Argumentos que se reportam aos interesses patronais agroindustriais e alimentam o próprio sistema de dominação. O artigo também procura mostrar que integração e exclusão são faces de um mesmo processo e se complementam na relação que as negam: o agricultor familiar “vocacionado” reafirma a exclusão do agricultor familiar “sem condição”. A promessa de crédito facilitado e de acesso ao mercado para os “empreendedores familiares” aprofunda diferenças com os agricultores familiares voltados para a produção de subsistência. Ser “ordeiro” e “consciente” como atributos da postura competitiva exclui os agricultores familiares mobilizados na luta por direitos e por isso considerados “desordeiros” e “inocentes úteis”.
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