Da violência opressora à negociação institucional: a judicialização dos conflitos agrários no cenário alagoano

From oppressive violence to institutional negotiation: the judicialization of agrarian conflicts in the scenario of Alagoas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36920/esa-v26n2-3

Resumo

Este artigo se destina à compreensão do processo de judicialização dos conflitos agrários que tem se intensificado no cenário alagoano nas recentes décadas. A análise enfoca a criação de uma Vara especializada no tratamento de disputas territoriais, procurando decodificar como têm sido recebidos e tratados os litígios agrários no âmbito do Judiciário. A partir do exame de 241 processos ajuizados entre 2008 e 2014 e valendo-se do uso de entrevistas em profundidade com sujeitos jurídicos (juízes, promotores de justiça, advogados e defensores públicos) e com representantes de movimentos sociais e do Incra, sustenta-se que a judicialização é produto e resultado de um processo de tensão histórica que, ao mesmo tempo, impõe uma nova racionalização aos conflitos por terra e reconfigura as feições da violência. Com base na análise do material empírico, constatamos que na Vara Agrária alagoana a evocação da legalidade, da celeridade e a afirmação míope do direito de propriedade têm sido acionadas na justificação de decisões judiciais que seguem operando a perpetuação de injustiças sociais. Portanto, longe de promover uma equalização justa dos conflitos agrários, a judicialização das disputas tem contribuído para perpetuar um cenário de violência que, contudo, se apresenta na contemporaneidade em roupagens institucionais.

CASTRO, Ana Carolina; LAGESE, Anabelle Santos; ASSIS, Wendell Ficher. Da violência opressora à negociação institucional: a judicialização dos conflitos agrários no cenário alagoano. Estudos Sociedade e Agricultura, jun. 2018, v. 26, n. 2, p. 309-330.

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Biografia do Autor

  • Ana Carolina Castro, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil

    Doutorando em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ). E-mail: acscastro1@gmail.com.

  • Anabelle Santos Lages, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil

    Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista PNPD do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFAL. E-mail: anabellelages@yahoo.com.br.

  • Wendell Ficher Assis, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil

    Pesquisador do ETTERN/Ippur da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). E-mail: wwficher@yahoo.com.br.

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Publicado

01-06-2018