ESA_logo.png

v. 29, n. 1, fevereiro a maio de 2021, p. 113-141
Recebido em 25 de agosto de 2020. Aceito em 3 de dezembro de 2020.



Estrutura intelectual da produção científica sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais: uma análise à luz das cocitações

Intellectual structure of scientific production on farmers’ markets and local agri-food systems: an analysis based on co-citations

 

DOI: 10.36920/esa-v29n1-8

 

orcid_id.png  Susã Sequinel de Queiroz[1]
orcid_id.png  Adriana Maria De Grandi[2]
orcid_id.png  Clério Plein[3]

 

Resumo: Este estudo objetiva apresentar, por meio da análise de cocitações, a estrutura da produção científica que fornece base para estudos sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais. O método utilizado foi exploratório e os dados para as análises foram constituídos de artigos científicos recuperados na base Web of Science. Os resultados revelaram que os estudos sobre esse tema se iniciaram na década de 1940, mais precisamente em 1944, mas só a partir de 2000 ocorreu aumento significativo nas pesquisas. A Análise Fatorial Exploratória (AFE) revela que a estrutura da produção científica sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais é explicada, em 72,24% dos casos, por 84 artigos, para os quais foi possível fazer um agrupamento em cinco dimensões: as definições constitutivas das economias locais alimentares alternativas; as características dos sistemas alimentares locais; a diversidade das redes alimentícias alternativas; a busca por práticas inovadoras e melhorias de gestão nas redes agroalimentares locais alternativas; e locus da dinâmica de redes alternativas agroalimentares onde a relação consumidor/produtor é priorizada. Este estudo reforça a necessidade de continuidade de investigações visando à busca de um entendimento progressivo a respeito do importante papel dos mercados de agricultores e dos sistemas agroalimentares locais na sociedade. Futuras pesquisas poderiam explorar as formas e as possibilidades de aproximação entre produtor e consumidor na cadeia de circuitos curtos de abastecimento de alimentos nos mercados de agricultores.

Palavras-chave: mercado de agricultores; sistemas agroalimentares locais; análise de cocitações.

 

Abstract: (Intellectual structure of scientific production on farmers’ markets and local agri-food systems: an analysis based on co-citations). This paper presents the structure of scientific production that provides the basis for studies on farmers' markets and local agri-food systems through co-citation analysis. The method used was exploratory, and the data for the analysis consisted of scientific articles retrieved from the Web of Science database. The results revealed that studies on this topic began in 1944, although only from 2000 there was a significant increase in research. The Exploratory Factor Analysis (EFA) reveals that the structure of scientific production on farmers' markets and local agri-food systems is addressed in 72.24% by 84 articles. The result of EFA was grouped into five dimensions: the fundamental definitions of alternative local food economies, the characteristics of local food systems, the diversity of alternative food networks, the search for innovative practices and management improvements in alternative local agri-food networks, and the locus of the dynamics of alternative agri-food networks where the consumer-producer relationship is prioritized. This study reinforces the need for further research to seek an understanding of the vital role of farmers' markets and local agri-food systems in society. Future research is recommended to explore the ways and possibilities for producer-consumer rapprochement in the short-circuit food supply chain in farmers' markets.

Keywords: farmers’ market; local agri-food systems; co-citation analysis.

 

 

 

 

 

Introdução

Os mercados de agricultores desempenham um papel proeminente nas redes alternativas de alimentos. A contribuição dessas organizações da economia social para o desenvolvimento da rede pode dizer respeito, em parte, ao processo de agrupamento regional. Esses mercados de agricultores não estão apenas contribuindo para a visibilidade e disponibilidade de alimentos local, visto que eles também estão fornecendo uma plataforma para uma ampla gama de partes interessadas em conhecer, aprender e mobilizar conhecimento sobre os limites e as possibilidades de sistemas alimentares locais (BECKIE; KENNEDY; WITTMAN, 2012).

Diante dessa constatação surge o seguinte questionamento: Como está estruturada a produção científica que fornece o embasamento teórico para estudos sobre os mercados de agricultores e os sistemas agroalimentares locais e seus correlatos? Buscando responder a essa questão, o presente estudo, desde o seu início, tem o objetivo de analisar a estrutura intelectual da produção científica que fornece base para esses estudos sobre mercado de agricultores e sistemas agroalimentares locais, para isso se apoiando nos procedimentos metodológicos da chamada “análise de cocitações”.

Conforme o próprio termo “cocitação” permite entender, trata-se de como pesquisadores, em seus textos, comentam uns com os outros a relação sobre determinado tema. Assim, um estudo apoiado em cocitações precisa, evidentemente, a partir de um tema, selecionar autores e textos para serem inter-relacionados. A escolha dos artigos científicos para o presente estudo de cocitações foi realizada mediante consultas a bases de dados no site “Web of Science (WOS)”, produzido e mantido pela Thomson Reuters, e no site Scopus, com as seguintes palavras-chave: “Farmers Market” and “Local agro-food systems” or “Proximity Market” or “Alternative food networks”, no qual foram identificadas 267 publicações. O Bibexcel foi a ferramenta eletrônica utilizada para a organização dos dados para a análise bibliométrica e o SPSS foi usado para realizar a Análise Fatorial Exploratória (AFE), cujo objetivo foi o de verificar o padrão de correlações existentes entre as variáveis e empregar esses padrões de correlações para agrupar as variáveis em fatores (HAIR JR. et al., 2009).

Sob essas perspectivas, este estudo traz várias contribuições. Primeiramente, em relação às produções acadêmicas da área, apresenta os resultados das investigações realizadas, abrindo oportunidades de estudos mais focados e objetivos, visando à ampliação do conhecimento da área, além de evidenciar lacunas de estudos ainda não realizados, mas que poderão aumentar a fonte de compreensão. Conforme Lopes et al. (2012), as publicações científicas demonstram a evolução dos estudos, dentro de um determinado período, a partir dos autores clássicos do tema.

Cabe evidenciar que, neste estudo, a estrutura intelectual da produção científica sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais é entendida como sendo a estrutura visualizada a partir do grau de similaridade de conteúdo (tema de pesquisa). Essa similaridade, ao permitir elaborar agrupamentos (dimensões), evidencia as relações estruturais de conectividade teórico-metodológica do tema, a proximidade e as interconexões deste campo de domínio científico.

Quanto à estrutura deste estudo, além desta introdução, apresentam-se aspectos gerais sobre os mercados de agricultores e sobre os sistemas agroalimentares locais e as palavras/expressões que compõem a sua nomenclatura, bem com a análise da produção científica como um todo. Em seguida, é apresentada a metodologia adotada para a seleção das publicações. Posteriormente, se desenvolve a análise das cocitações contidas nas publicações, apresentando a base teórica para estudos sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais, por meio da Análise Fatorial Exploratória (AFE) e, por fim, as considerações finais e sugestões para futuras pesquisas.

 

Mercados sob o enfoque de enraizamento social

Hinrichs (2000), ao pesquisar sobre mercados de agricultores e comunidade, qualificou a agricultura argumentando que, para muitos, a noção de enraizamento social se tornou um caminho apropriado para laços sociais. Nessa argumentação, a autora assumiu a tese de que uma agricultura alternativa direta melhora as interações humanas e econômicas, favorecendo um senso de conexão social, de reciprocidade e de confiança, o que é, muitas vezes, visto como a marca (e vantagem comparativa) desses mercados agrícolas. Trata-se de um mercado muitas vezes ligado ao marketing direto, ao interesse crescente dos consumidores de conhecerem a proveniência dos alimentos que consomem.

Nesse contexto, a abordagem transdisciplinar da sociologia econômica, com sua noção subjacente de “inserção social”, tornou-se cada vez mais pertinente. Isso levou muitos autores (THRIFT; OLDS, 1996; LIE, 1997; JESSOP, 1999; HINRICHS, 2000) a revisitar a obra do historiador econômico Karl Polanyi (1886-1968) e sua posterior reavaliação por Mark Granovetter (1985), que expandiu a noção de “inserção” introduzida por Polanyi, argumentando que uma abordagem do conceito de “imersão” pode facilitar a compreensão de como o funcionamento de uma economia capitalista está influenciada por ser incorporada às relações sociais em curso.

Segundo Granovetter (1985), como comportamentos e instituições são afetados pelas relações sociais é uma das questões clássicas da teoria social. Em seu artigo seminal, argumenta que as relações sociais podem alterar substancialmente a natureza das atividades entre indivíduos através de geração de confiança, particularmente em que há interação direta e permanente entre os participantes em causa. Isso levou a um reconhecimento mais geral de que, na realidade, a concepção neoclássica altamente dispersa do mercado, e sua atividade econômica associada, é sempre incorporada a uma realidade política, cultural e social mais ampla. Thorne (1996), no entanto, embora reconhecendo que, essencialmente, toda a troca econômica é incorporada às relações sociais, indica que essas trocas muitas vezes são distanciadas e fogem do controle dos indivíduos em um nível local.

A partir desta discussão se esclarece que a noção de “enraizamento social”, e o que isso pode significar em um contexto geográfico ou espacial, tem sido objeto de considerável debate e crítica. Segue-se, portanto, que a extensão do conceito para o domínio da natureza recebeu menos crítica, apesar da afirmação de Murdoch, Marsden e Banks (2000), deque “enraizamento” pode referir-se não só às relações sociais, mas também às relações naturais.

Para o contexto de estudos agroalimentares, Goodman (2003) afirma que o conceito de imersão, assim como o de enraizamento, é construção sociomaterial cuja ideia é intrinsecamente ambivalente, contingente e dinâmica. De fato, alguns autores afirmam que os mercados de agricultores e outros acordos de venda direta incorporam específicos conjuntos de valores e ideologias entre produtores e consumidores de alimentos (KLOPPENBURG et al., 2000; HINRICHS, 2003). O conceito de imersão pode ser um dispositivo teórico muito útil para aprofundar a investigação da relação entre alimentação e território. Em termos gerais, essa noção tem sido usada para enfatizar o componente social da ação econômica. Em estudos agroalimentares, imersão provou ser um conceito eficaz para salientar o caráter socialmente mais amparado das redes alternativas de alimentos.

Para alguns analistas, os mercados de agricultores são considerados um espaço (construído) para a expressão de ideias e de valores a respeito de comida local e da natureza de sua diversidade (KIRWAN, 2004). Kirwan (2004) afirma ainda que, em termos granovettarianos, a confiança no produto está sendo desenvolvida como resultado das relações pessoais em curso entre os produtores e os consumidores em causa. Como Granovetter (1985) sugere, essa confiança depende da interação anterior entre os participantes desse mercado de agricultores, e nesse contexto continuou a satisfação dos consumidores com a qualidade percebida dos produtos que recebem (que inclui a sua confiança na integridade pessoal dos produtores). A troca entre eles também é influenciada pela promoção produtora de compreensão do consumidor de que os métodos tradicionais de produção têm sido empregados, muitas vezes, juntamente com o localness (localidade, proximidade espacial) de sua produção.

Sonnino e Marsden (2005) concentram a atenção no conceito de embeddedness – que, como a literatura deixa claro, é uma das principais características que distingue redes alternativas de alimentos das cadeias convencionais. Com base em uma literatura crescente sobre o significado e as implicações desse conceito no contexto de alimentos, utilizou-se “imersão” como uma ferramenta analítica para identificar uma agenda refinada e quadro de investigação e concepção de redes alternativas de alimentos.

Para Wilkinson (2008), na última década ocorreram profundas mudanças nas formas de intermediação entre a produção familiar e o mercado, acesso ao qual agora exige mais autonomia e capacidades próprias por parte dos agricultores. O autor também destaca a importância dos estudos sobre os mercados de trabalho não agrícolas e a pluriatividade no debate recente. As atividades agrícolas pluriativas são entendidas como uma estratégia da família para diversificar suas atividades, assim incluindo atividades não agrícolas fora do estabelecimento, e assegurar a reprodução deste e sua permanência no meio rural (WILKINSON, 2008).

Wilkinson (2008) observa os micro e pequenos empreendimentos agroindustriais e defende que esses mercados podem ser visualizados como alongamento de relações familiares, em que a confiabilidade do produto transcorre da confiança no produtor, podendo abster de garantias formais de qualidade. Nas palavras do autor, “parentesco, vizinhança, conhecimento pessoais e transações repetidas entre os atores afirmam reputações e consolidam lealdades, fazendo com que tais mercados se tornem relativamente imunes de pressões externas, sejam de ordem mercadológica ou reguladora” (2008, p. 94).

Como reconhecido por Wilkinson (2016), ao alegar as teorias das convenções, as sociedades estipulam uma pluralidade de valores, considerados legítimos, os quais acomodam a produção e as trocas de bens e serviços. Percebendo o valor como uma “propriedade construída socialmente e não como um resultado de encontros agregados entre oferta e demanda baseados em preferências individuais” (2016, p. 58).

 

Redes alternativas (agro)alimentares (AFNs e AFFNs)

Como o interesse acadêmico em redes agroalimentares alternativas (AAFNs) tem crescido, a literatura sobre como essas redes são regidas se desenvolveu de duas maneiras distintas. A primeira incide sobre a “re-localização” de alimentos, explorando as relações econômicas, políticas e sociais que caracterizam os mercados dos agricultores e outras formas de venda direta e próxima (HINRICHS, 2000; HOLLOWAY; KNEAFSEY, 2000; GOODMAN; DUPUIS, 2002; SAGE, 2003; SONNINO; MARSDEN, 2005; KIRWAN, 2006). A segunda abordagem examina o papel das práticas de certificação de qualidade e de certificação ambiental no âmbito das AAFNs. Autenticidade e confiança são mediadas através da interação pessoal com o produtor. O fomento da confiança do consumidor na “autenticidade” e na “qualidade” do produto é fundamental na construção de uma base de clientes de confiança.

As redes de alimentos alternativos incluem uma gama de atores e dependem de várias formas de marketing direto. Elas surgiram em resposta a preocupações sobre os impactos do sistema alimentar convencional, globalizado. Essas preocupações vão desde questões de segurança e qualidade alimentar, às externalidades sociais, econômicas e ambientais experimentadas por indivíduos, por comunidades e por regiões (GOODMAN, 2004; SONNINO; MARSDEN, 2005).

Jarosz (2008) defende que as redes de alimentos alternativos (AFN) representam esforços para ressocializar a produção de alimentos, a sua distribuição e o seu consumo. As AFNs são definidas em quatro maneiras principais: (1) por distâncias mais curtas entre produtores e consumidores; (2) pelo tamanho pequeno e métodos de agricultura biológica ou integradora, o que é contrastante com a produção em grande escala e agronegócio industrial; (3) pela existência de locais de compra de alimentos, tais como cooperativas de alimentos, mercados de agricultores, feiras livres e comunidades agrícolas apoiadas (CSAs); (4) por um compromisso com as dimensões sociais, econômicas e ambientais da produção sustentável de alimentos, distribuição e consumo.

Jarosz (2008) registra que as redes alternativas de alimentos são comumente definidas por atributos, tais como: i) proximidade espacial entre agricultores e consumidores; ii) existência de locais de varejo; iii) mercados de agricultores;iv)comunidade agrícola apoiada – CSA; v) feiras; e vi) um compromisso com a produção sustentável de alimentos e consumo.

As AFNs (SEYFANG, 2006) abriram um novo campo de pesquisa através do desenvolvimento de ferramentas analíticas para estudar a contribuição de AAFNs para uma mudança social mais ampla. Essa mudança prevê as AAFNs como novos vetores de diversificação dos rendimentos agrícolas incorporados na lógica da contenção de custos dos circuitos de produção não comoditizados das prementes questões do desenvolvimento rural contemporâneo (GOODMAN, 2004).

 

Sistemas alimentares locais (Local Food SystemsLFSs)

Selfa e Qazi (2005) destacam que, para alguns atores da rede de alimentos em todas as localidades rurais e urbanas, sistemas alimentares locais são definidos por relações sociais que podem ou não podem ser geograficamente próximas, enquanto, para outros, os sistemas alimentares locais são definidos por um limite politicamente construído, como um município, por exemplo. Produtores e consumidores nas áreas urbanas do nosso estudo são identificados mais estreitamente e exemplificados como: face to face, mercados diretos, que estão fisicamente próximos quando conceituam seus mercados locais. No entanto, em lugares onde há menos consumidores e mercados, “local” não é necessariamente definido como sendo somente os que estão fisicamente próximos (SAGE, 2003).

Em suma, é principalmente a comida local que atrai a agricultura familiar para comercialização local de alimentos. Nessa avaliação, o valor agregado é quase totalmente explicado por processos, por relações e por estruturas que podem ser ineficazes ou de difícil manutenção em larga escala. Se uma parte importante do prêmio “comida local” é, como essa conta sugere, destinada a compensar o produtor para intangíveis benefícios que são gerados por reconexão via troca direta, então tem de haver a introdução de questões estruturadas de alto nível para capacitar os produtores para entregar com sucesso alimentos localmente, porque eles serão desafiados a manter um intercâmbio direto com seus consumidores (MOUNT, 2011).

 

Cadeias curtas de abastecimento de alimentos (SFSCs)

Marsden, Banks e Bristow (2000), em sua discussão sobre “cadeias de abastecimento curtas de alimentos”, argumentam que a imersão espacial é menos acerca de proximidade (isto é, reduzindo a distância geográfica entre o produtor e o consumidor) e mais sobre a incorporação do produto em causa com “informações carregadas de valor” sobre o local de produção, na localidade de consumo. Não é a maior ou menor distância de transporte de um produto que é fundamental, mas o fato de que esse produto é incorporado com informação carregando valor quando chega ao consumidor. Isso permite ao consumidor fazer conexões com o lugar/espaço de produção e, potencialmente, com os valores das pessoas envolvidas e com os métodos de produção utilizados.

Cadeias curtas de abastecimento de alimentos (SFSCs) são consideradas fatores de crescimento econômico rural. Sua característica crucial é que os alimentos que estão inseridos nas cadeias de fornecimento são conectados às pequenas e médias empresas (PMEs) de alimentos de regiões rurais atrasadas.

 Esse processo é demonstrado por meio de formas de comercialização direta e, portanto, do contato face to face entre o produtor e o consumidor. Assim, Marsden, Banks e Bristow (2000) identificaram dois novos tipos de SFSCs: cadeias espacialmente próximas e cadeias espacialmente estendidas. As cadeias espacialmente próximas correspondem a cenários em que os produtos são vendidos através de saídas na própria região, localização, ou no local de produção, para que o consumidor esteja imediatamente ciente da natureza incorporada localmente do produto no ponto de varejo. Em contraste, existem as cadeias espacialmente estendidas. Nesse caso, os produtos são vendidos aos consumidores (através de canais como a internet) que estão localizados fora da região de produção e/ou não têm experiência ou conhecimento pessoal da área. Aqui, a chave é usar a rotulagem de produtos e imagens para transferir informações sobre o processo de produção.

No Quadro 1 são apresentados os principais estudos, a terminologia (os principais termos) e as várias definições, bem como os Circuitos Curtos de Proximidade.

 

 

Quadro 1 – Estudos, terminologia e definições de Mercados Locais e Circuitos Curtos de Proximidade

06_quadro01.jpg

Fonte: Elaborado pelos autores.

 

Análise da produção científica

Small (1973) desenvolveu uma forma de analisar a ligação entre dois documentos. Tomou por base o estudo da frequência com que são citados juntos e denominou essa técnica de “análise de cocitação”. Assim, dentre as informações das produções científicas que podem ser feitas na bibliometria está a análise das cocitações. Uma cocitação refere-se às ocorrências conjuntas em um único documento, isto é, uma cocitação ocorre no momento em que dois documentos/autores/periódicos estão presentes nas referências de uma publicação posterior (WHITE; GRIFFITH, 1981).

A análise da produção científica pode ser apresentada de forma descritiva ou por meio do uso de indicadores, aplicando, entre outras, análises multivariadas dos dados bibliométricos, como a Análise Fatorial Exploratória (VANZ; STUMPF, 2010). Os softwares são bons aliados quando se trata de análises bibliométricas, pois possibilitam a representação de volumes grandes de informações por meio de mapas e de agrupamentos (MACHADO, 2015). A fonte de dados para a realização dos estudos bibliométricos são, principalmente, as bases de dados, como Scopus, Web of Science e Periódicos Capes. A próxima seção apresenta a metodologia usada neste estudo.

 

Metodologia

A seleção dos artigos científicos foi realizada por meio de duas buscas em bases de dados, nos sites Web of Science (WOS) e Scopus, realizadas em 29 de maio de 2019, com as seguintes palavras-chave: (“Farmers Market” and “Local agro-food systems” or “Proximity Market” or “Alternative food networks”). A busca na base Scopus resultou em sete artigos, enquanto na WOS foram encontrados 260 artigos. Assim, optou-se pela segunda fonte, pois apresentava maior quantidade de publicações relacionadas ao tema proposto. Ressalta-se que a opção considerou também o fato de o WOS ser uma das bases mais completas do mundo.

Para obter melhor criteriosidade, foram realizados os seguintes refinamentos no WOS:

1. Foram selecionados somente artigos e capítulos de livros, resultando em 231 documentos.

2. Quanto ao período, foram mantidos todos os anos.

3. Depois foram selecionadas as áreas de publicações que estivessem mais ligadas ao tema da presente tese: Geography; Sociology; Agriculture Multidisciplinary; History Philosophy of Science; Enviromental Studies; Regional Urban Planning; Enviromental Sciences; Green Sustainable Science Technology; Economics; Food Science Technology; Agronomy; Management; Agricultural Economics Policy; Development Studies; Business; Political Science; Social Science Interdisciplinary e Ecology. 

 

Após o refinamento nas áreas selecionadas, resultaram 182 documentos. Dessa forma, esta pesquisa analisa 182 documentos (entre artigos e capítulos de livros), cujas datas de primeira publicação ocorreram entre 1944 e 2016, demonstrando assim a relevância e a atualidade do tema proposto.

De acordo com Small (1973), a cocitação ocorre quando uma mesma citação é mencionada em dois ou mais artigos. Para Smiraglia (2011), quando dois ou mais autores/documentos são citados em uma publicação posterior, isso indica que há similaridade nos pensamentos, sejam eles via conceitos ou via métodos. Logo, quanto maior a quantidade de documentos em que os dois autores são citados, maior é a probabilidade de serem relacionados ao mesmo tema.

Assim, para fins de análise das cocitações contidas nos 182 artigos resultantes da busca realizada na WOS, cujos refinamentos foram descritos anteriormente, optou-se por analisar os 100 mais citados. Dessa forma, foram selecionados os artigos que continham pelo menos oito citações.

Para a organização dos dados coletados foi utilizado o programa Bibexcel e, posteriormente, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para efetuar as análises de correlação que existe entre as dimensões estudadas.

Cabe mencionar, contudo, que, apesar dessa liberdade do pesquisador, para a realização da Análise Fatorial Exploratória (AFE), o primeiro indicador que se deve levar em consideração é a medida de adequacidade que a amostra representa ao fator de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), medida que deve ser superior a 0,60 (HAIR JR. et al., 2009), tendo em vista que apenas valor acima deste (até chegar em 1,0) permite pressupor que a análise fatorial seja pertinente para aquela amostra.

Além da KMO, esta pesquisa seguiu os parâmetros sugeridos por Hair Jr. et al. (2009), para quem o teste de Elasticidade de Bartlett deve ser maior que 0,05; o KMO de cada variável estudada na matriz anti-imagem deve ser acima de 0,5; posteriormente se ajusta o modelo com a exclusão das variáveis que possuem comunalidade inferior a 0,5, como também das variáveis que apresentam cargas cruzadas acima de 0,5 em mais de uma variável; e, por fim, na matriz rotativa se analisam as cargas fatoriais, no sentido de excluir as variáveis com carga negativa.

Inicialmente, usando todos os dados da amostra selecionada para a realização da análise de cocitação por meio da Análise Fatorial Exploratória, se buscou identificar a correlação entre esses 100 documentos. O método de extração foi o de componentes principais e o de rotação, o Varimax.

A AFE sem fixar fatores resultou em dez dimensões com variância total explicada de 76,08%, no entanto, não gerou KMO geral e Bartlett. Esses dois parâmetros são necessários para iniciar a Análise Fatorial Exploratória (AFE). Observou-se também que a maior parte dos autores, totalizando 93, agrupava-se em cinco dimensões, enquanto apenas sete estariam nas demais. Houve ainda dimensões distintas nas quais apenas um e/ou dois autores (no presente estudo cada autor é considerado como sendo uma variável) estavam naquela dimensão, sabendo-se que, no entanto, uma dimensão (fator) deve ter no mínimo três variáveis.

Assim, optou-se por excluir, pelo método da tentativa e erro, cada uma das sete variáveis que estavam sozinhas em um fator, a fim de verificar qual não tinha correlação dentro do conjunto de dados. Nessa análise, após excluir a variável Buck-Getz-Guthman-1997 e fixar em cinco fatores, o KMO geral foi de 0,554 e a variância total explicada de 69,30%. Dessa forma, restaram 99 documentos para os demais parâmetros de análise sugeridos por Hair Jr. et al. (2009).

O Bibexcel foi utilizado na organização dos dados para a análise bibliométrica e o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para realizar a AFE, cujo objetivo é analisar o padrão de correlações existentes entre as variáveis e empregar esses padrões de correlações para agrupar as suas variáveis em um número menor de dimensões (HAIR JR. et al., 2009).

Cada publicação selecionada para a AFE foi tratada como sendo uma variável. Assim, das 100 publicações inicialmente selecionadas para a análise de cocitações, foram 84 as variáveis que permaneceram no modelo final. Esse modelo ficou com KMO geral de 0,869, variância total explicada de 72,24% e com alfa de Cronbach superiores a 0,700 em cada uma das cinco dimensões que compõem o modelo final.

 

Resultados

O tema “mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais” vem sendo mais estudado nas últimas décadas, e observando-se a sua evolução ao longo do tempo é possível constatar que no ano de 2008 houve mais publicações, demonstrando a atualidade do tema, totalizando 15 artigos. O segundo ano com mais publicações foi 2003, com 11 artigos – ressaltando-se que 2003 foi o ano da publicação do artigo mais citado pelos demais autores. Depois, em terceiro lugar, aparece o ano de 2007, com dez artigos publicados.

Percebe que, após 2008, o número de publicações não é muito representativo, pois o número de artigos cai drasticamente, indicando que o presente estudo é de crucial importância para o contínuo desenvolvimento da pesquisa científica no tema estudado.

Para melhor compreensão do que esses 100 documentos abordam, optou-se por realizar uma nuvem de palavras-chave, para identificar a similaridade entre elas, conforme mostra a Figura 1.

 

Figura 1 – Nuvem de palavras-chave

06_fig01.jpg

Fonte: Elaborada pelos autores.

 

Observando e interpretando a nuvem de palavras-chave é possível notar que temas como consumo alternativo, consumo local, agricultura alternativa, conexões e sistemas alimentares são muito debatidos entre os autores. Ressalta-se que alguns desses autores foram muito citados pelos demais, enaltecendo, assim, o quão representativa uma obra pode ser para um determinado tema.

Para identificar a estrutura da produção científica sobre mercado de agricultores e sistemas agroalimentares locais foram analisadas as cocitações que evidenciam a relação entre dois artigos com base no número de publicações em que eles aparecem citados juntos. A obra Understanding Alternative Food Networks: exploring the role of short food supply chains in rural development, de Renting, Marsden e Banks (2003), foi a mais citada, com 85 ocorrências. Na Tabela 1 são apresentadas as publicações mais citadas nos 100 artigos selecionados para a AFE.

 

Tabela 1 – Artigos e livros mais citados nos artigos sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais

06_tab01.jpg

Fonte: Elaborada pelos autores.

 

 

Estrutura intelectual da produção científica

A matriz das 100 publicações mais citadas foi utilizada para a execução da análise fatorial exploratória. Com a AFE foi possível avaliar os padrões existentes entre as publicações citadas pelos 184 artigos sobre os mercados de agricultores e os sistemas agroalimentares locais. No SPSS, cada publicação foi tratada como uma variável.

 

 

Tabela 2 – Classificação dos autores por dimensão

06_tabela02p1.jpg

06_tabela02p2.jpg

Fonte: Elaborada pelos autores.

 

Nessa análise, o primeiro teste executado foi o de Kayser-Meyer Olkin (KMO), que varia entre 0 e 1. O teste de KMO indica se a amostra pode ser tratada pelo método de análise fatorial (WILLIAMS; ONSMAN; BROWN, 2010). Para ajustar o modelo, o valor do teste KMO de cada variável foi analisado. O valor mínimo indicado para o teste KMO para cada variável deveria ser 0,5. Assim, se o valor do KMO individual de uma variável era menor que 0,5, a variável era excluída e a análise fatorial executada novamente. Depois de ajustar o KMO individual, analisou-se a comunalidade de cada variável, sendo que todas ficaram superiores a 0,50. Se o valor da comunalidade é próximo de zero, isto indica que a variável tem baixa correlação como fator (FÁVERO et al., 2009). Das 100 variáveis selecionadas para a realização da AFE, 16 foram excluídas, pelos seguintes motivos: um artigo não gerava KMO geral, dois apresentavam carga cruzada, três possuíam comunalidade inferior a 0,400, quatro apresentavam KMO individual inferior a 0,500 e seis artigos apresentavam carga fatorial inferior a 0,500.

Após a exclusão das variáveis com KMO inferior a 0,50, foi analisada a matriz rotativa gerada no SPSS, e a variável Lumpkin e Dess (1996) foi retirada por apresentar carga negativa no fator. Depois de sua exclusão, as comunalidades das demais variáveis ficaram superiores a 0,50. Cabe destacar que somente uma variável foi excluída por vez. Assim, a AFE foi executada diversas vezes para que o modelo ficasse ajustado.

Desse modo, no modelo final da análise bibliométrica perante as cinco dimensões mencionadas, o KMO geral foi de 0,869, o teste de esfericidade de Bartlett foi significante em 0,000 e com variância explicada de 72,24%, e o método de extração foi a análise de componente principal. Diante disso, a Tabela 2 informa os autores classificados em suas respectivas dimensões. Após a execução da análise fatorial exploratória, os artigos foram agrupados em fatores (dimensões). A partir desse agrupamento, os resumos de cada publicação foram analisados qualitativamente a fim de identificar os padrões apresentados pelas publicações e, em seguida, foram atribuídos nomes para cada dimensão, conforme mostra a Tabela 2.

 

Dimensão 1 – As definições constitutivas das economias locais alimentares alternativas

Na dimensão 1 agruparam-se 59 publicações abordando as redes alternativas relacionadas à alimentação e aos sistemas alimentares locais e alternativos com os mercados de agricultores que possuem, dentro de sua realidade, toda a movimentação referente às cadeias curtas de abastecimento de alimentos. Apresentam, em seu conteúdo, os fatores contextuais, aspectos relacionados à consciência da natureza construída de uma “comunidade local” percebendo a importância da particularidade social, cultural e ambiental em nosso quotidiano.

Urbanização e reestruturação rural são fundamentais para o desenvolvimento das Redes Alternativas Alimentares (AFNs). As AFNs emergem de processos políticos, culturais e históricos. As interações de urbanização e de reestruturação rural produzem AFNs que são diferenciadas e marcadas por um desenvolvimento desigual que não suporta necessariamente todos os agricultores que participam da rede. Isso indica tanto a fragilidade quanto o dinamismo inerente às AFNs que estão vinculadas ao desenvolvimento e à transformação metropolitana. Paradoxalmente, a crescente demanda urbana por produtos sazonais e orgânicos cultivados “perto de casa” e os processos de reestruturação rural que enfatizam a pequena escala, ou seja, os produtos oriundos da agricultura familiar e os seus alimentos diretos para cidades, não necessariamente permitem que todos os agricultores tenham uma produção constante, mantendo uma determinada escala, além de estarem vulneráveis às condições edafoclimáticas (ALLEN et al., 2003; GOODMAN, 2003).

Sage (2003) defende que, no caso de alimentos locais (alternativos), ambas as relações econômicas (como preços e mercados) e as relações sociais (por exemplo, laços locais e confiança) são vistas como vitais para o sucesso. A interação social pode assumir a forma de reconhecimento, de atenção, de respeito, de amizade ou de sociabilidade, sendo que todos esses relacionamentos podem ser incluídos no conceito de “respeito”, por exemplo.

 

Dimensão 2 – As características dos Sistemas Alimentares Locais

Na dimensão 2 foram agrupadas 11 publicações abordando o potencial para a equidade dentro da localização do sistema alimentar em termos práticos e conceituais,considerando o material herdado e assimetrias discursivas dentro de estruturas de economia, de demografia, de geografia e de democracia (ALLEN, 2010).

A respeito dessa dimensão discorrem algumas das iniciativas agroalimentares que definem o global e o local, conceitos geográficos (ALLEN et al., 2003) e também programas Farm-to-School (FTS), que são uma das iniciativas no movimento agroalimentar alternativa crescente, fornecendo produtos frescos locais a escolas para a alimentação de seus alunos. O estudo também aborda o aspecto político do programa e demonstra os benefícios do fornecimento de frutas e de vegetais frescos para as crianças na escola (ALLEN; GUTHMAN, 2006).

Outra iniciativa inerente a esse movimento, segundo Cone e Myhre (2000), é a prática da CSA, que também visa criar uma relação direta entre agricultores e aqueles que consomem os produtos alimentícios ou acionistas. Essa prática ocorre mediante estudos em fazendas procurando perceber as suas motivações no momento da adesão, levando em consideração o papel das mulheres em iniciar e manter a adesão à fazenda e como a extensão da participação dos membros se relaciona com percepções e, por fim, levantam questões sobre a sustentabilidade em longo prazo da CSA, dado o estilo de vida e necessidades dos agricultores em tensão com as restrições e os valores concorrentes de acionistas.

Little, Maye e Ilbery (2010) chamam a atenção para as possibilidades criativas oferecidas pela compra coletiva como um mecanismo para mover os alimentos locais e orgânicos para além do nicho de mercado. As redes de alimentos alternativos foram construídas como parte integrante de uma constante evolução que permite aos consumidores participar de uma expressão da crença pessoal mediante a sua escolha de produtos alimentares e de seus meios de produção.

 

Dimensão 3 – A diversidade das Redes Alimentícias Alternativas

Na dimensão 3 foram agrupadas sete publicações. Alber e Kohler (2007) buscam compreender como a produção informal de alimentos é generalizada nos países membros da União Europeia e em que medida é a produção de alimentos informal uma estratégia de enfrentamento em face das despesas.

Follett (2008) analisa a diversidade de redes alimentares que pertencem ao sistema de alimentação alternativa dos Estados Unidos, onde existem muitos aspectos que se diferenciam das convenções e das crenças que eles representam. O sistema de alimentação alternativa foi dividido em dois movimentos: redes de alimentos alternativos corporativos e redes de alimentos alternativos locais. Esse último movimento se centra na proteção do ambiente, nas questões relativas às normas de trabalho, a bem-estar animal, às comunidades rurais, aos agricultores de pequena escala e à saúde humana. As redes de alimentos alternativos corporativos representam um modelo de desenvolvimento neoliberal que promoveu crescimento econômico, mas também um aumento da desigualdade social e pobreza.

Ilbery e Maye (2005a) detectam que existe um considerável interesse acadêmico em torno da recomposição das cadeias alternativas alimentícias à base de noções de qualidade e de território, bem como do conceito de embeddedness.

Apesar do uso generalizado do conceito de imersão na literatura sobre redes agroalimentares (SONINNO, 2006), o autor defende que, numa abordagem construtivista, este pressupõe simultaneamente uma dimensão social, espacial e temporal que são criadas dinamicamente pelos participantes na economia como resposta a específicos requisitos do mercado.

 

Dimensão 4 – A busca por práticas inovadoras e melhorias de gestão nas Redes Agroalimentares Locais Alternativas

A dimensão 4 foi organizada agrupando quatro publicações que abordam como as práticas acadêmicas nascentes de geógrafos econômicos podem contribuir para objetos de política e ativismo através de projetos e de práticas acadêmicas sobre economias diversificadas e práticas performativas (GIBSON-GRAHAM, 2008).

Kloppenburg, Hendrickson e Stevenson (1996) mencionam que o termo foodshed se torna uma metáfora, como o seu termo análogo “bacia hidrográfica”, que unifica e organiza os conceitos de unidade de lugar e de pessoas, natureza e sociedade, para mostrar as conexões entre a produção e o consumo (local foodshed). Esse conceito busca, então, facilitar o pensamento crítico sobre de onde nosso alimento está vindo. O foodshed pode servir como unidade conceitual e metodológica de análise que fornece uma moldura para a ação.

Marsden e Sonnino (2008) demonstram a necessidade de formas mais inovadoras, por parte do Estado, que forneçam oportunidades novas e criativas e mais espacialmente em termos de abastecimento e de gestão da procura agroalimentar, no intuito de descobrir potenciais tanto dos governos como das redes de produtores para fazer progredir o desenvolvimento rural sustentável por meio da multifuncionalidade agrícola.

 

Dimensão 5 – Locus da dinâmica de Redes Alternativas Agroalimentares onde a relação consumidor/produtor é priorizada

A dimensão 5 agrupa três publicações. Trata-se de analisar as características e a dinâmica de redes alternativas agroalimentares em que os consumidores agem como precursores. São analisadas as atitudes em evolução dos consumidores, numa perspectiva de ator-rede, em termos de comportamento em relação aos alimentos, trazendo experiências dos grupos de compras solidárias (BRUNORI; ROSSI; GUIDI, 2011).

Este estudo examina as motivações e as filosofias por trás de produtores e de consumidores relacionados aalgum projeto de agricultura apoiado pela comunidade (CSA) dentro do âmbito das redes alternativas alimentares (COX et al., 2008). A AFN pode tornar-se agente de mudança política e ambiental. A CSA, na sua forma mais simples, envolve pessoas locais que investem em uma fazenda ou nas culturas antes da colheita. Isso garante uma renda para o agricultor e compartilha o risco entre os investidores. Em contrapartida, estes recebem uma parcela da colheita, muitas vezes é uma caixa de vegetais, mas poderia ser de frutas, ovos ou carne. Eles também têm a oportunidade de construir uma relação mais estreita com o produtor e com os membros da CSA. Muitas CSAs incluem elementos como eventos sociais e detalhes de trabalho para os membros para ajudar em determinadas épocas do ano. Algumas CSAs envolvem os membros nas tomadas de decisões (COX et al., 2008).

Diante de todo o exposto, a Figura 2 demonstra a integração da produção científica dos mercados de agricultores.

 

Figura 2 – A face integradora da produção científica dos mercados de agricultores

06_fig02.jpg

Fonte: Elaborada pelos autores.

 

A Figura 2 sintetiza toda a teoria trabalhada nesta revisão bibliométrica, demonstrando os componentes que participam da estruturação dos mercados de agricultores e dos sistemas agroalimentares dentro da economia alimentar alternativa. As feiras livres são uma das formas de circuitos curtos que fazem parte das cadeias curtas de abastecimento de alimentos. Pertencentes aos mercados de agricultores encontram-se os sistemas alimentares locais e alternativos, as redes agro(alimentares) alternativas. Nesses sistemas e redes agroalimentares também despontam exemplos de ações como: a agricultura apoiada pela comunidade (CSA), grupo de aquisição solidária (GAS) e foodshed, que já são aplicados em algumas partes do mundo e relatam bem essa relação produtor/consumidor.

 

Considerações finais

Este estudo teve o objetivo de analisar a estrutura intelectual da produção científica que fornece base para pesquisas sobre os mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais, por meio da análise de cocitações. Foram empregados métodos bibliométricos para analisar as publicações e assim foram identificadas as produções mais citadas, com demonstração da relação entre elas. Das 267 publicações sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais, a primeira ocorreu no distante ano de 1944, mas foi a partir do ano 2000 que ocorreu um aumento significativo (com 15 publicações só em 2008).

Na análise de cocitação contida nos 267 artigos foi possível identificar a base do conhecimento desse campo científico e observar o grau de associação entre os documentos quanto à compreensão da comunidade de autores. As publicações se agruparam em cinco dimensões: i) as definições constitutivas das economias locais alimentares alternativas; ii) as características dos sistemas alimentares locais; iii) a diversidade das redes alimentícias alternativas; iv) a busca por práticas inovadoras e melhorias de gestão nas redes agroalimentares locais alternativas; e v) locus da dinâmica de redes alternativas agroalimentares onde a relação consumidor/produtor é priorizada.

Embora as cinco dimensões identificadas na pesquisa, obtidas mediante a aplicação da Análise Fatorial Exploratória (AFE), sejam convergentes quanto ao objeto de estudo, fica claro que cada uma tem as suas próprias especificidades, propiciando a construção de um arcabouço teórico passível de alicerçar estudos futuros. Fica claro também que o tema em si reforça a necessidade de continuidade de investigações cujo intuito é o de identificar um núcleo que contribua para o entendimento do importante papel dos mercados de agricultores e dos sistemas agroalimentares locais.

Diante dessas constatações, conclui-se que, embora os aspectos econômicos, sociais e ambientais, dentro e fora dos mercados de agricultores, amplamente citados nos artigos em pauta, tenham significados ímpares, há que se considerar que a presença, a relevância e o papel do tema poderão propiciar mais pesquisas. Sendo assim, este artigo abre possibilidades para análises futuras, tendo em vista que as circunstâncias econômicas, as relações sociais e a conscientização ambiental, entre outros aspectos, são importantes para a ampliação do estudo com intuito de explorar as formas e as possibilidades de aproximação entre produtor e consumidor na cadeia de circuitos curtos de abastecimento de alimentos nos mercados de agricultores.

 

 

Referências

ALBER, Jens; KOHLER, Ulrich. Informal food production in the enlarged European Union. Social Indicators Research, v. 89, n. 1, p. 113-127, 2007.

ALLEN, Patricia; SIMMONS, Margaret Fitz; GOODMAN, Michael; WARNER, Keith. Shifting plates in the agrifood landscape: the tectonics of alternative agrifood initiatives in California. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 61-75, 2003.

ALLEN, Patricia. Mining for justice in the food system: perceptions, practices, and possibilities. Agriculture and Human Values, v. 25, n. 2, p. 157-161, 2008.

ALLEN, Patricia. Realizing justice in local food systems. Cambridge Journal of Regions, Economy and Society, v. 3, n. 2, p. 295-308, 2010.

ALLEN, Patricia; GUTHMAN, Julie. From “old school” to “farm-to-school”: Neoliberalization from the ground up. Agriculture and Human Values, v. 23, n. 4, p. 401-415, 2006. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10460-006-9019-z. Acesso em: 5 jul. 2020.

BECKIE, Mary; KENNEDY, Emily Huddart; WITTMAN, Hannah. Scaling up alternative food networks: farmers’ markets and the role of clustering in western Canada. Agriculture and Human Values, v. 29, n. 3, p. 333-345, 2012.

BORN, Branden; PURCELL, Mark. Avoiding the local trap: scale and food systems in planning research. Journal of Planning Education and Research, v. 26, n. 2, p. 195-207, 2006.

BROWN, Cheryl; MILLER, Stacy. The impacts of local markets: a review of research on farmers markets and community supported agriculture (CSA). American Journal of Agricultural Economics, v. 90, n. 5, p. 1298-1302, 2008.

BRUNORI, Gianluca; ROSSI, Adanella; GUIDI, Francesca. On the new social relations around and beyond food. Analysing consumers' role and action in Gruppi di Acquisto Solidale (Solidarity Purchasing Groups). Sociologia Ruralis, v. 52, n. 1, p. 1-30, 2011.

BRUNORI, Gianluca; ROSSI, Adanella; MALANDRIN, Vanessa. Co-producing transition: innovation processes in Farms and adhering to Solidarity-based Purchase Groups (GAS) in Tuscany, Italy. International Journal of the Sociology of Agriculture and Food, v. 18, n. 1, p. 28-53. 2011. Disponível em: http://www.socioeco.org/bdf_fiche-document-3102_pt.html. Acesso em: 23 jun. 2020.

CONE, Cynthia Abbott; MYHRE, Andrea. Community-supported agriculture: a sustainable alternative to industrial agriculture? Human Organization, v. 59, n. 2, p. 2-187, 2000.

COX, Rosie; HOLLOWAY, Lewis; VENN, Laura; DOWLER, Liz et al. Common ground? Motivations for participation in a community-supported agriculture scheme. Local Environment, v. 13, n. 3, p. 203-218, 2008.

DELIND, Laura B. Are local food and the local food movement taking us where we  want to go? Or are we hitching our wagons to the wrong stars? Agriculture and Human Values, v. 28, n. 2, p. 273-283, 2010.

DUPUIS, Erna Melanie; GOODMAN, David. Should we go “home” to eat?: toward a reflexive politics of localism. Journal of Rural Studies, v. 21, n. 3, p. 359-371, 2005.

EKINS, Paul. The Kuznets Curve for the environment and economic growth: examining the evidence. Environment and Planning A, v. 29, n. 5, p. 805-830, 1997. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1068/a290805. Acesso em: 24 jun. 2020.

FÁVERO, Luiz Paulo Lopes; CHAN, Betty Lilian; BELFIORE, Patrícia; SILVA, Fabiana Lopes da. Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisão. São Paulo: Campus, 2009.

FEAGAN, Robert. The place of food: mapping out the local in local food systems. Progress in Human Geography, v. 31, n. 1, p. 23-42, 2007.

FEAGAN, Robert; HENDERSON, Amanda. Devon Acres CSA: local struggles in a global food system. Agriculture and Human Values, v. 26, n. 3, p. 203-217, 2008.

FEENSTRA, Gail. Local food systems and sustainable communities. American Journal of Alternative Agriculture, v. 12, n. 1, p. 28-36, 1997.

FEENSTRA, Gail. Creating space for sustainable food systems: lessons from the field. Agriculture and Human Values, v. 19, n. 2, p. 99-106, 2002.

FESTING, Marion. International human resource management strategies in multinational corporations: theoretical assumptions and empirical evidence from German firms. MIR: Management International Review, v. 37, p. 43-63, 1997.

FOLLETT, Jeffrey. Choosing a food future: differentiating among alternative food options. Journal of Agricultural and Environmental Ethics, v. 22, n. 1, p. 31-51, 2008.

FORSSELL, Sini; LANKOSKI, Leena. The sustainability promise of alternative food networks: an examination through “alternative” characteristics. Agriculture and Human Values, v. 32, n. 1, p. 63-75, 2014.

GIBSON-GRAHAM, J. K. Imagining and enacting a postcapitalist feminist economic politics. Women's Studies Quarterly, v. 34, n. 1/2, p. 72-78, 2006.

GIBSON-GRAHAM, J. K. Diverse economies: performative practices for ‘other worlds’. Progress in Human Geography, v. 32, n. 5, p. 613-632, 2008.

GOODMAN, David; WATTS, Michael (Orgs.). Globalising food: agrarian questions and global restructuring. Londres: Routledge, 1997.

GOODMAN, David; DUPUIS, Erna Melanie. Knowing food and growing food: beyond the production–consumption debate in the sociology of agriculture. Sociologia Ruralis, v. 42, n. 1, p. 5-22, 2002. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1467-9523.00199. Acesso em: 2 jul. 2020.

GOODMAN, David; DUPUIS, Erna Melanie; GOODMAN, Michael K. Alternative Food Networks: knowledge, practice and politics. Londres: Routledge, 2012.

GOODMAN, David. The quality “turn” and alternative food practices: reflections and agenda. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 1-7, 2003.

GOODMAN, David. Rural Europe Redux? Reflections on alternative agro-food networks and paradigm change. Sociologia Ruralis, v. 44, n. 1, p. 3-16, 2004.

GRANOVETTER, Mark. Luncheon roundtable on the “New Sociology of Economic Life”. In: AMERICAN SOCIOLOGICAL ASSOCIATION MEETING, Washington D.C., 26 ago. 1985.

GUTHMAN, Julie. Agrarian dreams: the paradox of organic farming in California. University of California Press, 2004a.

GUTHMAN, Julie. The trouble with 'Organic Lite' in California: a rejoinder to the 'conventionalisation' debate. Sociologia Ruralis, v. 44, n. 3, p. 301-316, 2004b.

GUTHMAN, Julie. “If They Only Knew”: color blindnessand universalism in California alternative food institutions. The Professional Geographer, v. 60, n. 3, p. 387-397, 2008a.

GUTHMAN, Julie. Bringing good food to others: investigating the subjects of alternative food practice. Cultural Geographies, v. 15, n. 4, p. 431-447, 2008b.

GUTHMAN, Julie. Neoliberalism and the making of food politics in California. Geoforum, v. 39, n. 3, p. 1171-1183, 2008c. 

HAIR JR., Joseph; BLACK, William; BABIN, Barry; ANDERSON, Rolph et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.

HASSANEIN, Neva. Practicing food democracy: a pragmatic politics of transformation. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 77-86, 2003.

HENDERSON, Elizabeth. Sharing the harvest: a citizen’s guide to Community Supported Agriculture. White River Junction: Chelsea Green, 2007.

HENDRICKSON, Mary K.; HEFFERNAN, William D. Opening spaces through relocalization: locating potential resistance in the weaknesses of the global food system. Sociologia Ruralis, v. 42, n. 4, 2002.

HIGGINS, Vaughan; DIBDEN, Jacqui; COCKLIN, Chris.  Building alternative agri-food networks: certification, embeddedness and agri-environmental governance. Journal of Rural Studies, v. 24, n. 1, p. 15-27. 2008.

HINRICHS, Cynthia Clare. Embeddedness and local food systems: notes on two types of direct agricultural market. Journal of Rural Studies, v. 16, n. 3, p. 295-303, 2000.

HINRICHS, Clare; KREMER, Kathy S. Social inclusion in a Midwest local food system project. Journal of Poverty, v. 6, n. 1, p. 65-90, 2002.

HINRICHS, Cynthia Clare. The practice and politics of food system localization. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 33-45, 2003.

HOLLOWAY, Lewis; KNEAFSEY, Moya. Reading the space of the Farmers' Market: a case study from the United Kingdom. Sociologia Ruralis, v. 40, n. 3, p. 285-299, 2000.

HOLLOWAY, Lewis; KNEAFSEY, Moya; VENN, Laura; COX, Rosie; DOWLER, Elizabeth; TUOMAINEN, Helena. Possible Food Economies: a methodological framework for exploring food production? Consumption relationships. Sociologia Ruralis. v. 47, n. 1, p. 1-19, 2007. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1467-9523.2007.00427.x. Acesso em: 7 jul. 2020.

ILBERY, Brian; KNEAFSEY, Moya. Product and place: promoting quality products and services in the lagging rural regions of the European Union. European Urban and Regional Studies, v. 5, n. 4, p. 329-341, 1998.

ILBERY, Brian; KNEAFSEY, Moya. Producer constructions of quality in regional speciality food production: a case study from Southwest England. Journal of Rural Studies, v. 16, n. 2, p. 217-230, 2000.

ILBERY, Brian; MORRIS, Carol; BULLER, Henry; MAYE, Damian et al. Product, process and place: an examination of food marketing and labelling schemes in Europe and North America. European Urban and Regional Studies, v. 12, n. 2, p. 116-132, 2005.

ILBERY, Brian; MAYE, Damian. Cadeias de abastecimento alimentar alternativas (mais curtas) e produtos pecuários especializados nas fronteiras entre a Escócia e a Inglaterra. Meio ambiente e planejamento A, v. 37, n. 5, p. 823-844, 2005a.

ILBERY, Brian; MAYE, Damian. Food supply chains and sustainability: evidence from specialist food producers in the Scottish/English borders. Land Use Policy, v. 22, n. 4, p. 331-344, 2005b.

ILBERY, Brian; MAYE, Damian. Retailing local food in the Scottish–English borders: a supply chain perspective. Geoforum, v. 37, n. 3, p. 352-367, 2006.

JAROSZ, Lucy. Understanding agri-food networks as social relations. Agriculture and Human Values, v. 17, n. 3, p. 279-283, 2000.

JAROSZ, Lucy. The city in the country: growing alternative food networks in metropolitan areas. Journal of Rural Studies, v. 24, n. 3, p. 231-244, 2008.

JESSOP, Bob. A governança em mudança do bem-estar: tendências recentes em suas principais funções, escala e modos de coordenação. Política e Administração Social, v. 33, n. 4, p. 348-359, 1999.

KIRWAN, James. Alternative strategies in the UK Agro-Food System: interrogating the alterity of farmers' markets. Sociologia Ruralis, v. 44, n. 4, p. 395-415, 2004. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-9523.2004.00283.x. Acesso em: 28 jun. 2020.

KIRWAN, James. The interpersonal world of direct marketing: examining conventions of quality at UK farmers’ markets. Journal of Rural Studies, v. 22, n. 3, p. 301-312, 2006.

KLOPPENBURG, Jack; HENDRICKSON, John; STEVENSON, G. W. Coming in to the foodshed. Agriculture and Human Values, v. 13, n. 3, p. 33-42, 1996.

KLOPPENBURG, Jack; LEZBERG, Sharon; DE MASTER, Kathryn; STEVENSON, George. Tasting food, tasting sustainability: defining the attributes of an alternative food system with competent, ordinary people. Human Organization, v. 59, n. 2, p. 177-186, 2000.

KNEAFSEY, Moya; COX, Rosie; HOLLOWAY, Lewis; DOWLER, Elizabeth et alReconnecting consumers, producers, and food: exploring alternatives. Oxford: Berg, 2008.

LAMINE, Claire. Settling shared uncertainties: local partnerships between producers and consumers. Sociologia Ruralis, v. 45, n. 4, p. 324-345, 2005. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-9523.2005.00308.x. Acesso em: 19 jun. 2020.

LIE, John. Sociology of markets. Annual Review of Sociology, v. 23, n. 1, p. 341-360, 1997.

LITTLE, Ruth; MAYE, Damian; ILBERY, Brian. Collective purchase: moving local and organic foods beyond the niche market. Environment and Planning A, v. 42, n. 8, p. 1797-1813, 2010.

LOPES, Sílvia; COSTA, Maria Teresa; FERNÁNDEZ-LLIMÓS, Fernando; AMANTE, Maria João; LOPES, Pedro Faria. A bibliometria e a avaliação da produção científica: indicadores e ferramentas. Actas, n. 11, 2012. Disponível em: https://www.bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/429. Acesso em: 8 jul. 2020.

LYSON, Thomas A.; GUPTILL, Amy. Commodity agriculture, civic agriculture and the future of U.S. farming. Rural Sociology, v. 69, n. 3, p. 370-385, 2004.

MACHADO, Raymundo das Neves. Estrutura intelectual da literatura científica do Brasil e outros países dos BRICS: uma análise de cocitação de periódicos na área de célula-tronco. Rio de Janeiro: Escola de Comunicação, 2015.

MARSDEN, Terry; BANKS, Jo; BRISTOW, Gillian. Food supply chain approaches: exploring their role in rural development. Sociologia Ruralis, v. 40, n. 4, p. 424-438, 2000.

MARSDEN, Terry; SMITH, Everard. Ecological entrepreneurship: sustainable development in local communities through quality food production and local branding. Geoforum, v. 36, n. 4, p. 440-451, 2005.

MARSDEN, Terry; SONNINO, Roberta. Rural development and the regional state: denying multifunctional agriculture in the UK. Journal of Rural Studies, v. 24, n. 4, p. 422-431, 2008.

MAYE, Damian; HOLLOWAY, Lewis; KNEAFSEY, Moya (Orgs.). Alternative food geographies: representation and practice. 1. ed. Bingley: Emerald, 2007.

MORGAN, Kevin, MARSDEN, Terry; MURDOCH, Jonathan. Worlds of food: place, power, and provenance in the food chain. Oxford: Oxford University Press, 2006.

MORRIS, Carol; BULLER, Henry. The local food sector: a preliminary assessment of its form and impact in Gloucestershire. British Food Journal, v. 105, n. 8, p. 559-566, 2003.

MORRIS, Carol; KIRWAN, James. Ecological embeddedness: na interrogation and refinement of the concept within the context of alternative food networks in the UK. Journal of Rural Studies, v. 27, n. 3, p. 322-330, 2011.

MOUNT, Phil. Growing local food: scale and local food systems governance. Agriculture and Human Values, v. 29, n. 1, p. 107-121, 2011.

MURDOCH, Jonathan; MARSDEN, Terry; BANKS, Jo. Quality, nature, and embeddedness: some theoretical considerations in the context of the food sector. Economic Geography, v. 76, n. 2, p. 107-125, 2000.

MURDOCH, Jonathan; MIELE, Mara. 'Back to Nature': changing 'worlds of production' in the food sector. Sociologia Ruralis, v. 39, n. 4, p. 465-483, 1999. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1467-9523.00119. Acesso em: 20 jun. 2020.

PARROTT, Nicholas; WILSON, Natasha; MURDOCH, Jonathan. Spatializing quality: regional protection and the alternative geography of food. European Urban and Regional Studies, v. 9, n. 3, p. 241-261, 2002.

PENKER, Marianne. Mapping and measuring the ecological embeddedness of food supply chains. Geoforum, v. 37, n. 3, p. 368-379, 2006.

PLOEG, Jan Douwe van der; RENTING, Henk; BRUNORI, Gianluca et al. Rural development: from practices and policies towards theory. Sociologia Ruralis, v. 40, n. 4, p. 391-408, 2000. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1467-9523.00156. Acesso em: 13 jun. 2020.

POLANYI, Karl; MACIVER, Robert Morrison. The great transformation. Boston: Beacon Press, 1944.

POLE, Antoinette; GRAY, Margaret. Farming alone? What’s up with the “C” in community supported agriculture. Agriculture and Human Values, v. 30, n. 1, p. 85-100, 2012.

POLLAN, Michael. The omnivore’s dilemma: a natural history of four meals. Londres: Penguin Press, 2006.

RAYNOLDS, Laura T. Re-embedding global agriculture: the international organic and fair trade movements. Agriculture and Human Values, v. 17, n. 3, p. 297-309, 2000.

RENTING, Henk; MARSDEN, Terry; BANKS, Jo. Understanding alternative food networks: exploring the role of short food supply chains in rural development. Environmentand Planning A, v. 35, n. 3, p. 393-411, 2003.

SAGE, Colin. Social embeddedness and relations of regard. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 47-60, 2003.

SELFA, Theresa; QAZI, Joan. Place, taste or face-to-face? Understanding producer-consumer networks in “local” food systems in Washington State. Agriculture and Human Values, v. 22, n. 4, p. 451-464, 2005.

SEYFANG, Gill. Ecological citizenship and sustainable consumption: examining local organic food networks. Journal of Rural Studies, v. 22, n. 4, p. 383-395, 2006.

SI, Zhenzhong; SCHUMILAS, Theresa; SCOTT, Steffanie. Characterizing alternative food networks in China. Agriculture and Human Values, v. 32, n. 2, p. 299-313, 2014.

SLOCUM, Rachel. Whiteness, space and alternative food practice. Geoforum, v. 38, n. 3, p. 520-533, 2007.

SONNINO, Roberta. Embeddedness in action: saffron and the making of the local in Southern Tuscany. Agriculture and Human Values, v. 24, n. 1, p. 61-74, 2006.

SONNINO, Roberta. The power of the place: insertion and local food systems in Italy and the United Kingdom. Anthropology of Food, n. S2, 2007. Disponível em: https://journals.openedition.org/aof/454. Acesso em: 10 jul. 2020.

SMALL, Henry. Cocitation in the scientific literature: a new measure of the relationship between two documents. Journal of the Association for Information Science and Technology, v. 24, n. 4, p. 265-269, 1973.

SMIRAGLIA, Richard. ISKO 11's diverse bookshelf: an editorial. Knowledge Organization, v. 38, n. 3, p. 179-186, 2011.

SMITHERS, John; LAMARCHE, Jeremy; JOSEPH, Alun. Unpacking the terms of engagement with local food at the farmers’ market: insights from Ontario. Journal of Rural Studies, v. 24, n. 3, p. 337-350, 2008.

SONNINO, Roberta; MARSDEN, Terry. Beyond the divide: rethinking relationships between alternative and conventional food networks in Europe. Journal of Economic Geography, v. 6, n. 2, p.181-199, 2005.

SONNINO, Roberta. Embeddedness in action: saffron and the making of the local in southern Tuscany. Agriculture and Human Values, v. 24, n. 1, p. 61-74, 2006.

THORNE, Tanis C. The many hands of my relations: French and Indians on the Lower Missouri. Columbia: University of Missouri, 1996.

TREGEAR, Angela. Progressing knowledge in alternative and local food networks: critical reflections and a research agenda. Journal of Rural Studies, v. 27, n. 4, p. 419-430, 2011.

THRIFT, Nigel; OLDS, Kris. Refiguring the economic in economic geography. Progress in Human Geography, v. 20, n. 3, p. 311-337, 1996.

VANZ, Samile Andréa de Souza; STUMPF,  Ida Regina Chittó. Procedimentos e ferramentas aplicados aos estudos bibliométricos. Informação & Sociedade: Estudos. João Pessoa, v. 20, n. 2, p. 67-75, 2010. Disponívelem: https://www.periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/view/4817. Acesso em: 14 jul. 2020.

VENN, Laura; KNEAFSEY, Moya; HOLLOWAY, Lewis; COX, Rosie et al. Researching European 'alternative' food networks: some methodological considerations. Area, v. 38, n. 3, p. 248-258, 2006.

WATTS, David Charles Hunter; ILBERY, Brian; MAYE, Damian. Making reconnections in agro-food geography: alternative systems of food provision. Progress in Human Geography, v. 29, n. 1, p. 22-40, 2005. 

WHATMORE, Sarah; STASSART, Pierre; RENTING, Henk. What's alternative about alternative food networks? Environment and Planning A, v. 35, n. 3, p. 389-391, 2003. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1068/a3621. Acesso em 5 jun. 2020.

WILKINSON, John. Mercados, redes e valores: o novo mundo da agricultura familiar. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

WILKINSON, John. Os mercados não vem mais do “Mercado”. In: CHARÃO-MARQUES, Flávia; CONTERATO, Marcelo Antônio; SCHNEIDER, Sergio. Construção de mercados e agricultura familiar: desafios para o desenvolvimento rural. Porto Alegre: UFRGS, 2016.

WHITE, Howard; GRIFFITH, Belver. Author cocitation:  a literature measure of intellectual structure. Journal of the Association for Information Science and Technology, v. 32, n. 3, p. 163-171, 1981.

WISKERKE, Johannes. On places lost and places regained: reflections on the alternative food geography and sustainable regional development. International Planning Studies, v. 14, n. 4, p. 369-387, 2009.

WILLIAMS, Brett; ONSMAN, Andrys; BROWN, Ted. Exploratory factor analysis: a five-step guide for novices. Australasian Journal of Paramedicine, v. 8, n. 3, 2010. Disponível em: https://ajp.paramedics.org/index.php/ajp/article/view/93. Acesso em 11  jul. 2020.

WINTER, Michael. Geographies of food: agro-food geographies making reconnections. Progress in Human Geography, v. 27, n. 4, p. 505-513, 2003.

 

 

 

 

Como citar

QUEIROZ, Susã Sequinel de; DE GRANDI, Adriana Maria; PLEIN, Clério. Estrutura intelectual da produção científica sobre mercados de agricultores e sistemas agroalimentares locais: uma análise à luz das cocitações. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 29, n. 1, p. 113-141, fev. 2021. DOI: https://doi.org/10.36920/esa-v29n1-8.

 

 

 

 

 

Susã Sequinel de Queiroz

Professora assistente do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
susasqueiroz@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0001-9484-7584

http://lattes.cnpq.br/3389156930698727


Adriana Maria De Grandi

Professora do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
adrianadegrandi@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-5917-0536

http://lattes.cnpq.br/5167786337665141

 


Clério Plein

Professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).  Doutorado em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

clerioplein@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7235-9771

http://lattes.cnpq.br/4958851752576901

 

 

 

 

 

 

ccby.png

Creative Commons License. This is an Open Acess article, distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License CC BY 4.0 which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium. You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes were made.

 

 



[1] Professora assistente do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). E-mail: susasqueiroz@hotmail.com.

[2] Professora do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: adrianadegrandi@gmail.com.

[3] Professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).  Doutorado em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: clerioplein@gmail.com.